15/08/2015

Sobreviventes -02- Não Deixar Se Aproximar

Toronto-Canada.
Kaya Wayne P.O.V
Eu ainda podia sentir o peso da sua mão desferindo um tapa em meu rosto, eu ainda podia sentir cada vez em que eu sentia meu corpo queimar. Eu tinha vontade de chorar, mas eu não podia mostrar a ele que eu era uma garota ingenua, eu não podia mostrar pra ele que eu queria chorar. 

Ele andou em passos lentos até mim e deu um sorriso maldoso levantando consigo sua mão que carregava um cigarro, eu senti novamente meu pesadelo voltando, eu não queria passar por aquilo de novo.

Levantei assustada sentindo meu suor que escorria da minha testa pingar na minha roupa. Eu tinha novamente um pesadelo com aquele monstro. 

Respirei fundo e me levantei, olhei as horas e vi que marcavam oito e trinta e cinco da noite. Desci as escadas correndo e vi vovó fazendo o jantar. Ela com certeza tinha a melhor comida do mundo.

-Vó? -Disse.
-Sim querida? Está com fome? -Assenti- O jantar esta quase pronto. -Apenas assenti e subi de volta.

Entrei no meu quarto e fui em direção ao banheiro, me despi tirando o shorts de moletom preto e a regata. Tomei um banho rápido, penteei meus cabelos e em seguida sequei os mesmo, depois que terminei de arrumar meu cabelo vesti uma lingerie branca, uma regata preta, minha calça jeans surrada preta e meu velho coturno, e em seguida vesti meu velho casaco pesado.

Desci as escadas e minha vó jantava, me juntei a ela e comemos em silêncio. Nós nunca trocávamos muitas palavras, sabia que minha vó gostava muito de mim mas evitava falar comigo as vezes, talvez sabendo que eu não gostava de trocar muitas palavras. E eu preferia mil vezes assim.

Enfiei minhas mãos no bolço do meu casaco antes de sair de casa. Atravessei a rua e Isaac estava parado ali me encarando, fui na direção dele e ele abriu a porta do carro pra mim entrar, revirei os olhos achando aquilo desnecéssario.

-Pra onde vamos? -Encarei ele.
-Pra minha casa.
-E seus pais?
-Saíram. -Disse seco. Dei de ombros.

Isaac sempre me ignorou e eu nunca entendi o porquê, ele sempre foi muito duro comigo mas não acha que isso me afetava, eu estava pouco me fodendo porque enquanto ele estava tentando ser rude comigo eu já tinha sido dez vezes com ele. 

Assim que chegamos na sua casa, eu desci do carro e sem dizer nada abri a porta da casa dele vendo que Brandon e Hinet praticamente se comiam ali. 

-Já podem parar com a putaria porque meus olhos não são obrigados a ver tanta bosta. -Disse fazendo uma voz grossa.

Eles se separaram rapidamente e Hinet colocou a mão contra o peito tombando a cabeça pra trás. Isaac e eu começamos a gargalhar sem parar com o desespero dos dois, enquanto Brandon me fuzilava.

-Sua puta do caralho, que susto. -Disse Brandon.
-Tava com medinho, é? -Disse debochada. 
-Eu nunca vou te perdoar por isso. -Disse Hinet.
-Perdi algo? -Disse Mason.
-Só Hinet e Brandon se cagando de medo dos pais do Isaac chegar.
-Relaxa, aqueles velhos só voltam amanhã. -Disse Isaac.

Isaac ligou o som e conectou com seu celular, as musicas de rock pesado começaram a rolar e eu encostei minha cabeça sobre o sofá vendo que Isaac enrolava o back pra mim. Tomei da sua mão e acendi o mesmo enquanto tragava meu cigarro de maconha, era a melhor coisa do mundo. 

-Isaac? -O chamei e ele olhou pra mim- Você tem cocaína? 
-Sim. -Disse e virou a cabeça pro outro lado- Você vai querer? -Assenti.

Ele arrumou as fileiras de pó em cima da mesa e quando eu terminei de fumar meu baseado eu me inclinei pra frente vendo que Isaac olhava pra mim, enrolei uma nota de dez dólares que tinha no bolço e com a ajuda dele eu aspirei todo aquele pó pra dentro do meu nariz. Senti uma cosseira nele na hora que eu cheirei aquelas carreiras, limpei meu nariz que estava com resíduos de pó e tombei minha cabeça pra trás. 


-Você faz isso tão bem. -Disse Hinet.
-Anos fazendo isso. -Disse piscando.
-Não sei como não tem uma overdose. -Disse Isaac, rude.
-Porque diferente de você, Isaac, eu sei apreciar, eu sei o meu limite. -Disse rude- Seu babaca. 
-Babaca é você sua vadiazin... -Antes dele terminar de falar eu desferi um soco no seu olho, ele colocou a mão ali enquanto gemia de dor.
-Me chama de vadia de novo e eu acabo com a sua vida. -Disse nervosa.

Levantei do sofá rapidamente e sai da casa de Isaac, bati a porta com toda minha força. Coloquei meus fones no ouvido e coloquei Russian Roulette, não era muito de curtir musicas Pop mas eu amava algumas musicas da Rihanna, algumas. Enquanto andava batendo meu coturno com força no chão eu me lembrei de quando dei um soco na cara de Isaac, eu e ele nunca fomos de nos dar bem, claro, mas eu nunca cheguei a bater nele. Mas eu perdi a cabeça a partir do momento que ele me chamou de vadia, e eu ainda estou drogada e isso não ajudou muito. Eu nunca admiti ninguém me chamar de vadia, ele não seria essa pessoa. 

As vezes eu não entendia muito bem a marcação que ele tinha comigo, mas eu sempre deixei isso quieto até porque pra mim Isaac nunca fedeu nem cheirou, mas agora ele tinha arrumado uma boa inimiga.

Cocei meus olhos sentindo a irritação neles, me joguei na primeira calçada que eu vi e encostei minha cabeça sobre a parede, eu não podia voltar pra casa agora, ela saberia que eu estaria drogada e não ficaria muito feliz, e a ultima coisa que eu queria no momento era problemas com a minha vó. Ela já tinha que aguentar meu mal-humor por obrigação, não queria que aguentasse eu drogada também.

Ouvi passos se aproximar e olhei na direção dos passos e vi Mason, ele sorriu e se sentou do meu lado. Tirou um maço de cigarro e me estendeu, peguei o mesmo e coloquei sobre a boca, ele acendeu pra mim e eu agradeci mentalmente por isso, estava precisando.

-Isaac pegou pesado, ele não deveria ter te chamado de vadia.
-Ele não deveria nem ter se referido a mim, ele sabe que eu não vou com a cara dele.
-As vezes eu acho que ele gosta de você. -Ele disse e eu gargalhei.
-Ta louco? -Disse, ainda rindo- Aquele garoto me odeia.
-Já ouviu que o ódio e o amor andam juntos?
-O que...
-Sim, eu tenho certeza que ele curte você, não só pela forma que ele te olha mas também pela forma que ele te trata.
-E o que que tem a forma que ele me trata?
-Quando um garoto não quer se apaixonar e isso acontece, ele costuma tratar a garota mal.
-Acho que não...
-Eu tenho certeza.
-Foda-se, e quer saber? Se ele gosta ou não, azar é o dele, porque eu nunca vou sentir nada por ele, nem por ele e nem por ninguém.

Mason deu risada e voltou a fumar seu baseado, o acompanhei. 

[...]

Depois de Mason me deixar na porta de casa (o que eu achei totalmente desnecessário), eu entrei e a sala estava um silêncio. Subi pro meu quarto e entrei dentro do mesmo, peguei meu celular que estava jogado em cima da cama e vi que era 00:00, nem eu mesmo acreditei que cheguei tão cedo hoje. 

Me joguei na minha cama e tirei meu coturno com meus próprios pés, coloquei meus pés sobre a cama e liguei meu celular, coloquei meus fones de ouvido e fiquei mexendo no meu twitter, eu quase nunca mexia em rede social, até porque a unica que eu tinha era Twitter mas eu só entrava quando não tinha nada pra fazer.

-Kaya? -Escutei a voz da minha vó.
-O que? -Disse olhando pra porta mesmo que ela não estivesse ali.
-Nada, só ouvi o barulho. Chegou cedo.
-Pois é. -Resmunguei.
-Boa noite, Kaya.
-Boa noite, vó.

Quando ouvi passos se distanciarem eu respirei fundo. Me levantei e fui em direção ao guarda-roupa, vi um porta-retrato ali e peguei o mesmo respirando pesadamente e falha, agora. Katia tinha um sorriso ali na foto, seus cabelos estavam ainda compridos com uma cor de um castanho escuro. Senti um meio sorriso nascer nos meus lábios quando eu me lembrei dela cuidando de mim, ela tinha sido a melhor mãe do mundo e morreu de uma forma tão cruel.

Coloquei o porta-retrato ali e me deitei de volta na cama, fiquei pensando como estaria ela hoje em dia se estivesse viva, como seria sua aparência e como estaria a minha vida se ela continuasse viva.

Tratei de dispensar todos aqueles pensamentos, ela estava morta, ela não estava aqui e jamais voltaria e eu apenas tinha que aceitar esse fato, pode parecer rude mas eu não queria me iludir, não queria ficar chorando por causa disso. Já passou o tempo do meu luto, já passou o tempo que eu chorei por ela não estar aqui. Eu tinha me vingado de sua morte.

Me levantei da cama, calcei meu coturno e desci novamente. Bati a porta não tão forte e sai andando, e passei em frente a uma casa onde estava tendo uma festa, algumas pessoas estavam jogadas no quintal de tão bêbadas, esperai... esse pessoal é da escola. Dei uma risada debochada e passei direto, senti um puxão no meu braço e eu gritei de ódio, eu simplesmente tinha ódio de quando uma pessoa puxava meu braço. Virei pra trás e vi Bieber me encarando com um sorriso.

-Seu filho da puta, me puxa desse jeito e eu não vou poupar minha mão na tua cara.
-Desculpa ai, louquinha.
-Me chama de louca de novo e eu te soco, Bieber! Você já encheu meu saco demais.
-Ta tudo bem, desculpa. -Disse rindo- Por que você não entra? ta tendo uma festa.
-Eu? -Disse dando uma risada debochada- Eu tenho cara de quem entra em festa de gente mauricinhos da escola, Justin? -Disse revirando os olhos.
-Qual é? É do Chaz.
-Eu tenho festas melhores, onde rola coisa muito melhor do que ai.
-A é? Tipo o que?
-Droga. -Justin me olhou assustado e eu gargalhei.
-Você não me assusta!
-Ah não? -Ele negou com o nariz empinado.
-Eu não tenho medo de você, Kay! Eu não esqueci quando eramos melhores amigos.
-Isso foi quando eramos da quinta série. Para de encher minha paciência garoto. Não é de hoje que você ta me enchendo o saco. Por que não volta pra bosta do seu mundinho super-legal e me deixa em paz de uma vez? Ou eu vou ser obrigada a quebrar seu nariz pra que você se afaste de mim? -Justin respirou fundo.


Respirei fundo, me sentindo melhor agora. Agora eu sabia que Justin pelo menos iria embora da minha vida de uma vez, não que ele realmente tenha entrado porque entrar na minha vida é uma das coisas mais impossíveis. Mas pelo menos agora ele não seria capaz de cruzar meu caminho novamente.

Entrei em casa e me sentei na janela, puxei o maço do meu cigarro e logo acendi um. Coloquei meu cigarro na boca e logo comecei a tragar o mesmo. Me sentindo bem enquanto a brisa do vento batia contra meu rosto. Fechei meus olhos e encostei minha cabeça na janela, escutando o caos que era Los Angeles. Escutei meu celular tocar e puxei o mesmo do meu bolso, vi que era Isaac. Me lembrei da noite passada e desliguei o celular. Não queria falar com ele, nem com Mason, nem com ninguém.

-Kaya? -Ouvi a voz da minha vó.
-Estou em casa, vó.
-Boa noite, querida.

♀♀

Entrei na sala e a professora abriu um pequeno sorriso pra mim, e eu desviei o olhar. Me sentei em na cadeira e logo vi um ser loiro sentar ao meu lado. E eu achando que o filho da mãe não cruzaria mais meu caminho.

-Bom dia, princesa de preto. -Ele disse e eu olhei pra ele.
-Princesa de preto? -Disse e ele assentiu rindo- Fala isso de novo e eu soco a sua cara.
-Tudo bem, Kay. -Disse e eu olhei pra ele. Como esse garoto poderia ser tão irritante?
-Você fez curso pra ser chato desse jeito?
-Olha, a unica chata aqui é você... Eu até tento me aproximar sabe mas a princesinha de preto não deixa.
-Não me chama assim mais uma vez. -Disse e ele riu- Por que você quer tanto se aproximar de mim?
-Porque eu gosto da sua presença, Kaya. Mesmo você odiando a minha.
-Ainda bem que você sabe.
-Bieber e Wayne, tem algo que queiram compartilhar com a sala?

A sala toda uivou parecendo um bando de cachorro no ciu e eu fuzilei cada um deles. Olhei pra professora com ódio e ela continuava dando a sua aula. Olhei pra Justin e ele fingiu estar prestando atenção na sala e eu prendi a risada quando ele fez uma careta. Justin era chato, irritante, folgado, metido e... Eu já falei chato? Mas mesmo que eu quisesse o filho da mãe não me deixaria em paz, eu tentaria o afastar até porque não queria Justin na minha vida de forma alguma. Não quero ele nem lá, nem cá, não quero ele perto de mim. Vai ser muito melhor se ele se afastar.

Eu faria de tudo pra que Justin Bieber não soubesse nada sobre mim. 


Se ele está achando legal "tentar" descobrir o mistério que vivia em mim. Que mistério? O quanto minha vida foi diferente? O quanto eu sofri enquanto ele vivia sobre luxuria? 

Justin Bieber nunca saberia nada sobre mim, e eu nunca deixaria-o se aproximar. 


Oi meus amores, me perdoem pela demora <3
Espero que estejam gostando, comentem por favor ♥

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